Entre as áreas do conhecimento
incluídas na primeira semana da Avaliação Trienal 2013 da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), estão três que se
destacam por terem um número expressivo de cursos na modalidade de
mestrado profissional: odontologia, enfermagem e saúde coletiva. As
coordenadoras dessas áreas indicam que o desenvolvimento da modalidade
incrementará a formação qualificada de profissionais para o atendimento
às demandas sociais e garantem: há espaço para o crescimento do mestrado
profissional na área de saúde.
 Isabela Almeida Pordeus, coordenadora da área de odontologia (Foto: Felipe Lima - CCS/Capes) O
panorama geral é de expansão e consolidação. A odontologia conta hoje
com 22 mestrados profissionais em andamento. De acordo com a
coordenadora Isabela Almeida Pordeus, esses cursos possuem importância
especial devido à natureza profissional da odontologia. "Ter
profissionais qualificados com todo o treinamento voltado não só para a
profissionalização, mas para a geração de conhecimento focada nos
problemas da sociedade é de extrema relevância pra nossa área", explica.
O mestrado profissional na área de enfermagem é relativamente
recente, datando sua implantação em 2006. A coordenadora Carmen Gracinda
Silvan Scochi explica que inicialmente os cursos foram desenvolvidos à
semelhança dos mestrados acadêmicos, mas com o amadurecimento da área,
os cursos tem tido maior identidade sobre o impacto do retorno à
sociedade, em termos de desenvolvimento de conhecimento e tecnologia
aplicável aos serviços. "Estamos, ainda numa fase de consolidação dos
cursos e nós temos uma clientela bastante importante advinda dos
serviços de saúde, que precisa melhorar as práticas profissionais e
contribuir com a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS)", explica.
Existem hoje 15 mestrados profissionais na área de enfermagem. "A
nossa tendência mais recente é olhar a qualificação na perspectiva de
dar uma resposta à sociedade, no sentido de agregar e utilizar o método
científico na melhoria e solução dos problemas da prática do
profissional", afirma Scochi.
 Carmen Gracinda Silvan, coordenadora da área de enfermagem (Foto: Felipe Lima - CCS/Capes) Esse
retorno à sociedade é parte integrante dos programas da área de saúde
coletiva, explica a coordenadora Rita Barradas Barata, área que mais
conta com cursos de mestrado profissional nas ciências da saúde, 26. "Na
área de saúde coletiva os mestrados profissionais são uma modalidade
muito apropriada porque trata-se de uma área de políticas públicas
profundamente dedicada à pesquisa aplicada", ressalta.
Crescimento As três áreas indicam espaço para
crescimento. "Tenho certeza que há espaço para crescimento na área de
odontologia. Se você pensa que hoje temos 102 programas e desses apenas
22 são mestrados profissionais, temos apenas um quinto da nossa
pós-graduação nessa modalidade", conta Pordeus.
A coordenadora de odontologia aponta, entretanto, que a partir do
crescimento é preciso pensar também na distribuição desses profissionais
odontólogos na sociedade brasileira. "O Brasil tem um dos maiores
números de dentistas no mundo, em torno de 250 mil, então se queremos
melhorar a atenção da saúde bocal da população é importante que tenhamos
profissionais muito bem treinados e com a capacitação de fazer
perguntas que vão responder a demandas da sociedade", enfatiza.
As perspectivas para a área de enfermagem são semelhantes. "Sem
sombra de dúvidas há espaço para crescimento do mestrado profissional em
enfermagem. Crescimento que vai ao encontro ao Plano Nacional de
Pós-Graduação (PNPG) e às necessidades dos serviços de saúde em
qualificar a prática profissional na busca de diminuir a lacuna que
existe entre ciência e prática. Nós vemos o mestrado profissional como
uma possibilidade de diminuir esse gap", afirma a coordenadora Carmen
Gracinda Silvan.
Na área de saúde coletiva também existe espaço para o crescimento,
devido ao número de profissionais que atuam no sistema nacional de
saúde, explica a coordenadora Rita Barata. "Eles são a potencial
clientela para os cursos de mestrado profissional da área de saúde
coletiva. Tudo relacionado à gestão do sistema de saúde, controle de
doenças, atuação em regulação na área de vigilância sanitária, todas
essas áreas são muito amplas no país e demonstram um potencial muito
grande para o crescimento da modalidade".
 Rita Barradas Barata, coordenadora da área de Saúde Coletiva (Foto: Guilherme Feijó - CCS/Capes) Evolução da avaliação O mestrado profissional possui componentes específicos de avaliação. A Portaria Normativa nº 17,
de 2009, dispõe sobre esta modalidade no âmbito da Capes. As áreas de
odontologia, enfermagem e saúde coletiva tem experimentado um momento de
amadurecimento desses programas.
"Desde a criação desta modalidade houve um amadurecimento não só na
odontologia, mas em todas as áreas. Agora, temos dado um direcionamento
mais forte para esses mestrados profissionais no sentido de valorar
especialmente a capacitação técnica", afirma Isabela Almeida Pordeus. A
coordenadora aponta que o investimento deve ser feito principalmente na
formação de mestres profissionais na área de saúde coletiva e de gestão
de serviços. "O Brasil nos últimos 10 anos tem investido com muita
intensidade na expansão do serviço público de odontologia e
consequentemente haverá uma inversão do acesso da população, que hoje é
muito mais privado, com consultórios particulares. Hoje, com os
investimentos e ampliação da rede de odontologia, vamos precisar muito
de profissionais competentes na gestão de rede para que o acesso, um dos
estrangulamentos da área, se torne mais amplo", conclui.
Já na área de enfermagem, o desafio é alavancar a produção de
conhecimento articulada à necessidade dos serviços, avalia Carmen
Silvan. "Precisamos avançar no desenvolvimento de produtos tecnológicos e
de processos, para dar respostas as necessidade dos hospitais e das
unidades básicas de saúde. Sentimos que essa é uma direção que precisa
ser fortalecida na área de enfermagem. Com as publicações temos obtido
boas respostas, mas o desenvolvimento de patentes, de tecnologias e de
processos, precisa ser incrementado e visto como prioridade para os
próximos anos", explica.
Para a área de saúde coletiva, a coordenadora Rita Barata, aponta a
necessidade de alguns ajustes do ponto de vista operacional para poder
melhor captar o que são os programas de mestrado profissional na
avaliação. "A área avançou bastante porque conseguimos ter uma ficha
mais apropriada para captar o que é específico no mestrado profissional,
mas ainda é preciso algumas mudanças. Por exemplo, talvez o que melhor
captasse o desempenho dos mestrados profissionais fosse avaliar turma
por turma e não o curso num triênio. Como a duração desses cursos é de
dois anos às vezes nos deparamos com uma turma que terminou, outra que
não entrou e assim surgem dificuldades para avaliar", explica.
(Pedro Matos)
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